domingo, 26 de julho de 2009


A cearense Larissa de Lima, 22 anos, aluna de ciência da computação, em Harvard. "Estudo com professores que revolucionaram a minha área"

Guia: Harvard ficou mais perto

Jovens como os que aparecem nas fotos destas páginas
estão na mira das melhores universidades americanas
por dois motivos: são ótimos alunos e vêm do Brasil.


Monica Weinberg



Não há nada de novo no fato de tais universidades aprovarem estudantes de desempenho exemplar. O que mudou foi o foco nos estrangeiros, cujo aumento tem uma motivação objetiva: quanto mais deles houver na sala de aula, maior é a chance de uma universidade surgir no topo dos novos rankings de ensino. De uma dezena de indicadores, esse está entre os que mais ganharam peso nos últimos anos. O cenário é melhor ainda para os brasileiros, segundo informa Thais Pires, do Centro de Orientação para Estudos nos Estados Unidos, um escritório no Brasil reconhecido oficialmente pelo governo americano: "Já existe uma grande concentração de asiáticos nas universidades americanas. É o momento de atrair mais gente da América Latina". Ela se juntou a outros especialistas e a um grupo de sete brasileiros que estudam em universidades como Yale, Harvard e Stanford para destrinchar o passo-a-passo do processo de admissão dessas escolas. O resultado é um valioso conjunto de dicas para quem planeja se candidatar.



Exames de admissão

Ilustrações Gisele Libutti



O que dizem os manuais: é preciso alcançar pontuação alta naquelas provas que aparecem como pré-requisito, entre elas o SAT, feito para aferir o nível dos estudantes em matemática, leitura e escrita (em inglês), e o Toefl – esse, aplicado com o objetivo de medir o domínio que os candidatos estrangeiros têm do idioma

Como funciona na prática: embora as boas universidades não definam uma nota de corte, a experiência mostra que, num exame como o SAT, é raro um estrangeiro ser aprovado com menos de 2 100 pontos, de um total de 2 400. No Toefl, é realista sonhar com uma vaga a partir de 90 pontos, de 120 possíveis. Para quem não conseguir chegar a tais patamares, é indicado tentar de novo – e não perder tempo submetendo às universidades um mau resultado

Dica: comprar livros que contenham simulados das provas e repeti-los à exaustão


Gabriel Benarros, 19 anos, de Manaus, hoje em Stanford: oito horas de estudo por dia, durante seis meses, para os exames de admissão



Histórico escolar

O que dizem os manuais: só os bons alunos entram

Como funciona na prática: as universidades miram aqueles estudantes cujo boletim ao longo de todo o ensino médio revele médias em torno de 9 em todas as disciplinas – numa escala de zero a 10

Dica: a única chance para quem quer entrar em uma dessas universidades é começar a estudar muito desde cedo – não apenas no último ano



Cartas de recomendação

O que dizem os manuais: são exigidas três cartas, duas escritas por professores e uma pelo diretor do último colégio em que o aluno estudou

Como funciona na prática: essas cartas devem incluir não apenas observações acadêmicas como também apreciações sobre a personalidade e o caráter do aluno, todas devidamente ilustradas com exemplos concretos. Os avaliadores costumam desprezar adjetivos sem fundamento e duvidar de candidatos cuja descrição se aproxime da perfeição

Dica: quase 60 000 cartas como essas chegam às boas universidades por ano, portanto a concisão é bem-vista. Cartas em inglês elementar também podem espantar os avaliadores. Vale a pena contratar um tradutor



Gilberto Tadday

A cearense Larissa de Lima, 22 anos, aluna de ciência da computação, em Harvard. "Estudo com professores que revolucionaram a minha área"



Formulário de aplicação

O que dizem os manuais: o candidato deve preencher um formulário com informações pessoais e experiências acadêmicas

Como funciona na prática: com base em tal formulário, os avaliadores saberão, por exemplo, se o candidato participa de atividades voluntárias ou se ocupou lugar de liderança na escola, dois dos itens mais valorizados pelas instituições

Dica: nas questões sobre o porquê da escolha daquela universidade, seja o mais específico possível e demonstre conhecer bem a escola. Os avaliadores odeiam generalidades




O baiano Sheide Chammas, 20 anos, chegou a Yale: atividades voluntárias e liderança no grêmio estudantil contaram pontos a favor



Tudo por uma boa redação

Nenhuma outra fase da seleção permite ao aluno se diferenciar tanto quanto a redação, em que as universidades pedem de dois a três textos sempre de teor pessoal. Durante essa etapa, o trabalho de gente como a especialista Patrícia Monteiro passa a ser mais requisitado, ainda que custe caro: sua consultoria para orientar os alunos e revisar seus textos sai por 7 000 reais. Ela dá dicas para uma boa redação:

1 O tom não deve ser informal demais, a ponto de conter gírias, nem rebuscado, sob o risco de ficar pedante

2 É fundamental que as informações incluídas no texto sejam coerentes com o restante do material enviado à universidade. Não dá para se revelar sedentário no formulário e mostrar admiração por esportes na redação

3 Não se defina como alguém próximo da perfeição. A autocrítica é entendida como um sinal de maturidade

4 Se participou de uma ONG ou foi capitão de uma equipe de futebol, esse é um bom espaço para enfatizar tais experiências – elas agradam aos avaliadores